RSS
  Whatsapp

Quem vai defender o papel dos pequenos veículos de comunicação?

Compartilhar

 

Eleita como fundamental em tempos de coronavíris, a imprensa precisa
muito mais do que um decreto presidencial para o exercício de sua
profissão. Os grandes veículos abocanham as campanhas dos grandes
clientes, enquanto os pequenos veículos como blogs, sites, rádios
comunitárias e jornais regionais estão minguando, com a cuia na mão em
busca dos pequenos.


Os grandes e médios anunciantes não estão nem aí para os pequenos
veículos de comunicação. Até mesmo as grandes indústrias instaladas em
cidade do interior do Brasil não anunciam localmente, promovem
campanhas em rede nacional e desprezam os veículos onde estão, com
raríssimas exceções.


Os pequenos e médios anunciantes estão com suas portas fechadas e a
primeira coisa que cortam é a publicidade, depois pessoal. Mas os
profissionais de imprensa não deixam de trabalhar.


Eles estão nas ruas, nos estúdios e nas redações preparando e apresentando
tudo o que está acontecendo no mundo. Se infectados, são afastados das
atividades. Os mais velhos estão solicitados ao isolamento como medida de
prevenção à saúde dele e dos colegas.


O governo anunciou uma série de medidas que vão amparar as empresas
com rendimento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões, mas as pequenas
empresas brasileiras, a maioria, têm faturamento entre R$ 81 mil e 360 mil,
valores que correspondem aos MEIs e aos microempreendedores.
Os proprietários de pequenos veículos de comunicação no Brasil são
registrados como MEI – Microempreendedor Individual, e outros como
Microempresas, com faturamento entre R$ 81 mil e R$ 360 mil. Esses
ficarão de fora de qualquer incentivo.


O Governo não abriu nenhuma linha de crédito para esses pequenos
empreendimentos. As instituições financeiras regionais como Banco do
Nordeste e Desenbahia não operam crédito para empresas individuais.
Quando o crédito é solicitado elas solicitam que a empresa mude o formato,
deixando de ser individual para societária, o que implica em custos
cartoriais, contábeis e administrativos.


Os profissionais de imprensa, principalmente os que não contam com o
apoio institucional do Governo, estão no front, nos estúdios e na cobertura

dos acontecimentos ao Covid-19. Não dá para acompanhar os fatos apenas
pela internet. A maioria vai para as ruas, fazem matérias e voltam para
casa, ponto de apoio da maioria.


O Governo Federal deve rever o seu posicionamento sobre as linhas de
crédito, incentivando os bancos regionais também à criação de linhas de
crédito para esses pequenos veículos não pararem de funcionar. É preciso
mantê-los funcionando, deixando a briga sobre audiência e posicionamento
contrário ou não ao presidente aos gigantes da comunicação, que travam
duelos em busca de grandes fatias da verba de publicidade governamental.
Os pequenos veículos não recebem 0,00001% dessa publicidade do
Governo Federal. Os critérios de mensuração de audiência de sites e jornais
utilizados pelas agências intermediárias de publicidade deixam os pequenos
veículos cada vez mais distante da publicidade oficial.


A maioria não tem acesso a essas agências, e quando têm esbarram em
métricas e mensurações absurdas, coisas que os pequenos veículos não vão
alcançar.


Mas os pequenos veículos de comunicação gozam da maior credibilidade
na informação. Uma cidade como Alagoinhas, interior da Bahia, por
exemplo, tem uma média de 15 sites. Todos têm uma audiência grande no
público local, e com grande credibilidade junto ao público leitor, mas
sobrevivem basicamente de anúncios oficiais e pequenos anunciantes, que
estão com as portas fechadas.


Os grandes veículos são vistos, mas a credibilidade das informações é
questionada, pois a maioria defende bandeiras e ou fazem oposição a algum
governo, municipal, estadual ou federal.
Os pequenos veículos de comunicação precisam ser ouvidos, pois
continuam na ativa, gozam de credibilidade, mas são desprezados pelos
grandes anunciantes e pelos recursos federais e anúncios oficiais de grande
monta.

 

Vanderley Soares é jornalista e radialista
DRTs 5892 e 4848

Mais de Entre Rios